domingo, 11 de maio de 2008

Eu não...

Tomados pela alegria
pelo fervor da variedade
todas as cores são visadas
como simbolizando a simpatia

Mas eu não!
eu fico no escuro
tremendo de frio...
enquanto os outros adoçam o paladar
com um amarelo chocolate a sujar
a boca, os dentes
enchendo um estômago vazio

Mas eu fico cheio de baratas
que me alimentam a cada dia
sem nenhum glamour ou rouxeza
o azul não me toca e o vermelho me assusta
reduzo o gosto às minhas cinzas

Cinza não verde, no máximo marrom!
da cor do barro que me agarro
e esfrego em todo corpo.

Porque ao contrário dos sorrisos faceiros
dos laranjas caranguejeiros
que se abraçam e se amassam

Eu fujo! e me toco num rio
tão sujo que entro pelado
e saio vestido
de tão poluído meu corpo
se esconde em qualquer resto do podre

Se as borboletas são avistadas
e olha para lá, uma criança
maravilhada!
Maravilhoso para mim é enxergar
as moscas buscando o meu nariz

E os ratos comendo os restos
que eu ainda não comi
brigo com eles por comida
e penso ainda que meu inimigo
pode ser um alimento sadio

Saia para rua, pule
Alegria! alegria!
Mas eu não...

Porque eu sou podre
eu sou sujo, eu sou imoral
pior que qualquer animal
pensar e não agir
é melhor que fazer o mal...mal?...mal!

mal sabes que enquanto teu sabonete
te perfurma
e a tua maquiagem
te embeleza
teus exercícios, caminhadas, academia
te saúda e te define
Que teu prato de comida
de porcelana
e a comida bem cozida
te alimenta e te apraz
com o prazer que nem sabes mais
aonde mais te satisfaz

Enquanto isso...
Eu não!

Pois quando assas o teu peixe
eu cato insetos na lagoa
quando caminhas para malhar
eu ando apenas pra suar

e todo o teu cheiro de sabonete
eu retribuo...

Enquanto tu tomas banho
eu me atiro numa sanga!