sábado, 20 de setembro de 2008

Por entre o véu do teu conceito

Penetrando a fundo no conceito
da imagem empírica que me chama
a analisar silogismos sensuais
e desvendar os argumentos do teu desejo.

Procuro por dentre o teu conceito
todos os componentes
e estes que enquanto tais
vão tomando meu lugar.

Como pode um si mesmo
se colocar num conceito?
Pensar em ti é me auto-conceituar.
Me decifrar faz parte de te contemplar.

Mas dos mistérios que desvendo por trás do teu véu
e por dentre todos que ainda poderia esclarecer
encontro um negro horizonte
que sempre vai se esconder

Elemento irredutível aos conceitos do coração.
Encontro no fundo do meu próprio querer
teu elemento incondicionado, meu mundo desconhecido:
Tua alma, elemento indecifrável.

Pelos teus olhos

Pelos teus olhos eu queria me enxergar.
Límpido espelho de tangentes do meu amor
ótica bandida da carne viva do meu querer

Enxergar em ti teus olhos e teu pensar
Enxugar pelo teu colo a minha dor
e deitar no solo do teu ser

Ser por ti perdido aspirante
de uma vontade bajulante
em imagem viva que condensa
as memórias mortas de meu sofrer

E nem a distância de não te saber
e nem os erros do que já foi
vão me fazer desistir

De tentar no fundo dos teus olhos
me ver.