terça-feira, 12 de agosto de 2008

Confissoes - 2

Entrego-te meus olhos tristes
e pergunto como tu os molda.
Traga de novo uma esperança falida,
no momento que ela viver, não vai doer.

Traga desde o início um sorriso forte
Enquanto eu de tanto morno
me esquento abruptamente em um espasmo
ao me frontar com algo que não subtrai-se ao meio termo

Aquele sorriso, que nunca vi em lágrimas
a todo instante me lacrimeja
mas ainda assim me parecia indiferença
porque morno, nunca pensaria que podia ser por mim.

Morno, solto os cadarços e vou embora
mas tonto, desde aquele ponto

Agora nos tropeços.
Indo adiante.
Me permaneço
em tua sombra.

sábado, 2 de agosto de 2008

O seu Sérgio

Matilde cortava o tomate, a cebola e o pimentão. Ferviam na panela os aromas de caldo e molho. Enquanto cozinha, Matilde não pára um segundo de jogar sua ansiedade pela boca.

- Viste que o filho da Elvira se formou. Aquele menino sempre teve jeito de doutor. Já a Denise, filha da Claudete e do seu Perera, aquela tem jeito de modelo, mas é meio vagabunda. Mas quem diria, o menino guloso do Henrique, vai casar com a Fernanda!

Sérgio lia o mesmo jornal de todos os dias sentado na poltrona da sala. Com um pouco de irritação solta seus verbos pela primeira vez no dia.

-Matilde, eu já disse: todo mundo é poeta.

notícias literárias - 1

Antônio Junqueira Pires Peixoto. Um brasileiro comum.

Foi pego nú no ambiente de trabalho.

escrevedor

O escrevedor e seus fonemas
escreve o lápis e tripida com as penas

O escrevedor e seu silêncio tenebroso
Ferve versos e soa pomposo
Serve os traços e imita o poço
miraculoso e tardio escreve-moço

Ouve vozes do além e escreve estradas silábicas
e no calor resbaldante escreve versos de verão

Per-so...nificado em todos nificado.
Atado e perdido no próprio
...significado

escrevedor escreve
o ser-ninificado