Quem diria! Eu, logo eu, que pensava sempre em você! Um bosque lindo de águas limpas, dias claros de ventos calmos, um gostoso cheiro de te pincelar entre a primeira e a segunda pessoa no singular. Mas ao imaginar eu e tu, era tudo tão plural.
Mas quem diria! Que um dia alguém pudesse se somar, e na realidade um terceiro eu me transformar. Eu que não sou você, Eu que não sou mais Eu, era Você e um outro Eu, e quem pude me tornar?
Ele... cada vez mais singular.
sexta-feira, 20 de junho de 2008
sábado, 14 de junho de 2008
Uma pequena estrela
Carlos queria ser famoso. Queria ser reconhecido não sabe pelo que. Queria a idolatria da televisão, das fotos,dos outdoors, queria ser o desejo adolescente, a inveja maldizente dos velhos rabugentos que reclamam da vulgaridade do tempo em que já estão mortos. Carlos fazia de tudo pra virar notícia. Ser famoso, conhecido. Mas nem sabe pelo que. Carlos mostrava a bunda, dizia palavrões em ocasiões inusitadas, fazia protestos, era simpático, revoltado, um forçado.
Passou na rua imaginando como seria sua entrevista em um programa de culinária. Todas as coisas que diria, o que ele comia, o que fazia, quem ele pegava. Atravessando a rua seu sonho se realiza.
No outro dia, numa capa de Jornal:
"Homem é atropelado por caminhão de lixo ao atravessar a Rua Das Oliveiras
Carlos Peixoto Andrade foi atropelado na noite de ontem pelo caminhão de lixo em um trecho mal iluminado da Rua das Oliveiras. Carlos bateu forte a cabeça e quebrou as duas pernas. Foi vivo para o hospital mas não resistiu(...)"
Passou na rua imaginando como seria sua entrevista em um programa de culinária. Todas as coisas que diria, o que ele comia, o que fazia, quem ele pegava. Atravessando a rua seu sonho se realiza.
No outro dia, numa capa de Jornal:
"Homem é atropelado por caminhão de lixo ao atravessar a Rua Das Oliveiras
Carlos Peixoto Andrade foi atropelado na noite de ontem pelo caminhão de lixo em um trecho mal iluminado da Rua das Oliveiras. Carlos bateu forte a cabeça e quebrou as duas pernas. Foi vivo para o hospital mas não resistiu(...)"
confissões - 1
Não sei bem quando as coisas começam nem quando elas terminam
por vezes se arrastam de maneira tão ridícula que parecem nada
por outras se descobre no tempo: atrás é onde ficaram
Algumas sensações marcantes sem explicações
Desatados e desconexos todos os trechos
Lendo o tempo da vida, interpretando a morte.
A violência pode ser tão passiva
e agredir sem perceber
Mas quando se percebe, dói
e se já foi embora e não tem volta
...dói.
Ficar se enganando, não ficar arrependido
por ter sido uma mentira de revolta
é mentir mais uma vez
Andar pra trás é tão difícil que quando vem a onda do destino
com toda a força a empurrar
o mais fácil parece lutar com a correnteza
e se afogar
As coisas submergem, se perdem, se desconectam
E eu afundo na definitiva lamúria
de que sou o que sou
e estou onde estou
por vezes se arrastam de maneira tão ridícula que parecem nada
por outras se descobre no tempo: atrás é onde ficaram
Algumas sensações marcantes sem explicações
Desatados e desconexos todos os trechos
Lendo o tempo da vida, interpretando a morte.
A violência pode ser tão passiva
e agredir sem perceber
Mas quando se percebe, dói
e se já foi embora e não tem volta
...dói.
Ficar se enganando, não ficar arrependido
por ter sido uma mentira de revolta
é mentir mais uma vez
Andar pra trás é tão difícil que quando vem a onda do destino
com toda a força a empurrar
o mais fácil parece lutar com a correnteza
e se afogar
As coisas submergem, se perdem, se desconectam
E eu afundo na definitiva lamúria
de que sou o que sou
e estou onde estou
quarta-feira, 4 de junho de 2008
Um sonho triste
Beijando um poste na beira do mar
na esquina entre poços de lama
correndo luzes dos carros, a vastidão que engana
alguns solitários e amantes tortuantes
Em tosses malditas de vozes a par
Em pares de tudo: Dois!
A pares da toda que eu pensava
sentia o cheiro e a boca mordia
pelos meus braços ela me invadia
E os meus olhos em seu rosto deitavam
Olhando em volta não havia mais nada
nem luz, nem carro, nem poste
era minha mentira que me enganava
eu mesmo cúmplice da própria mente desvairada
Eu sou assim
como um sonho triste
que vive pouco pra poder se lamentar
na esquina entre poços de lama
correndo luzes dos carros, a vastidão que engana
alguns solitários e amantes tortuantes
Em tosses malditas de vozes a par
Em pares de tudo: Dois!
A pares da toda que eu pensava
sentia o cheiro e a boca mordia
pelos meus braços ela me invadia
E os meus olhos em seu rosto deitavam
Olhando em volta não havia mais nada
nem luz, nem carro, nem poste
era minha mentira que me enganava
eu mesmo cúmplice da própria mente desvairada
Eu sou assim
como um sonho triste
que vive pouco pra poder se lamentar
domingo, 1 de junho de 2008
Como em um filme brasileiro
Como em um filme brasileiro
Apenas uma luz laranja no fim do corredor
O sofá luxuoso e a seda do seu vestido
Apareciam como uma sombra
Enquanto o bico dos seus seios se erguem em direção ao espelho do teto
Deitada como numa nuvem, perdida entre a própria sedução
e um vento livre de perdão
Que se dirige à ela como um leão à uma loba
E escurraça a sensualidade com maldito tesão
A cueca já estava perdida pela casa
Atirada pelo chão
Era apenas um princípe do mato
e aquele seu roupão...
Ao que toca a campainha...
Chega o entregador
A pizza em cima da mesa, e quando ele se volta, a porta ainda está aberta...
Alguém entra, um barulho, um grito!
Sai correndo aquele estranho
Levando o dinheiro da pizza e da entrega
Sangue naquele ilustre corredor
que há pouco era todo resplendor...
Agora ele tinha uma pizza e um corpo frio
Mas não precisava mais pagar a puta
Apenas uma luz laranja no fim do corredor
O sofá luxuoso e a seda do seu vestido
Apareciam como uma sombra
Enquanto o bico dos seus seios se erguem em direção ao espelho do teto
Deitada como numa nuvem, perdida entre a própria sedução
e um vento livre de perdão
Que se dirige à ela como um leão à uma loba
E escurraça a sensualidade com maldito tesão
A cueca já estava perdida pela casa
Atirada pelo chão
Era apenas um princípe do mato
e aquele seu roupão...
Ao que toca a campainha...
Chega o entregador
A pizza em cima da mesa, e quando ele se volta, a porta ainda está aberta...
Alguém entra, um barulho, um grito!
Sai correndo aquele estranho
Levando o dinheiro da pizza e da entrega
Sangue naquele ilustre corredor
que há pouco era todo resplendor...
Agora ele tinha uma pizza e um corpo frio
Mas não precisava mais pagar a puta
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