Como o tempo engole as saudades
como as mentiras interpretam a lealdade
como tudo fica tão distante, quando passam os momentos
mas se mantém nos pensamentos?
As prateleiras ficam cheias de retratos opacos
no corredor ainda tudo é vazio.
As imagens falham enquanto os eventos se esfacelam
guardados poucos em gavetas que ninguém abriu
Os dias ferem o dorso de quem deve andar:
correndo, correndo, correndo sem vacilar
procurando os lugares que devia estar
e os deveres justos que podiam ordenar
O viver está submerso em um mistério
de formar uma história coerente
que nunca pode parar
que nunca pode mudar
que nunca pode escapar.
Quem soubera o que é querer!
Até hoje todos só puderam se entregar
às dúvidas das próprias certezas
a trilhar o rumo de nenhum lugar.
O dever ordena o caminho.
qualquer caminho manipula o dever.
Desejar é apenas imaginar.
Imaginar e desejar, só pode ser lembrar.
Apaga a vontade. Apaga qualquer possibilidade
de voltar atrás
de querer de novo o que devia passar.
O tempo ordena. E todos obedecem:
seguem adiante na cegueira
de construir o próprio tempo
e organizar a própria vida.
A memória esquece das ordens.
A memória desobedece o tempo.
A memória viola a lei que nos obriga
a não exagerar em qualquer saudade.
O tempo manda
"vai embora, e segue o teu caminho"
até o limite um andarilho
em uma estrada que desvia
outras vias torpes para o fim.
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Um comentário:
Muito bonito, senhor poeta.
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