A rua, a casa, o repolho podre, o sabonete
as flores dos canteiros, os bueiros
Nenhum deles tem cheiros.
Um dia claro, uma mudança de temperatura
uma lembrança, um dia de domingo
E os ontens reaparecem com prestígio.
Aquele dia sem cheiro, foi vivido, refletido
amassado e derretido
E em um dia de sol, toda vista e toda luz
que eu havia escondido
Agora reaparece. A luz do sol depois da chuva
e o cheiro do passado volta dizendo algo
um sabor de significado, do que antes não se sabia o que é
Num dia comum, as coisas não se percebem
as coisas não tem cheiro
Mas eis que de repente, aparece dentro de mim
O cheiro de ontem, o cheiro do passado
o cheiro de todo tempo ao mesmo tempo
de todos os dias em um só dia
Transporte perceptivo, vivido, do que na hora já havia sido esquecido.
Na passividade, no humor rancoroso, num dia sem vento
Na calçada molhada, e nada na volta, e tudo de dentro
O passado trazendo pra hoje o cheiro do tempo.
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