Teatro Vivo
O palco está montado
e os atores amontoados
aos montes de botas desbotadas
enquanto os desbotados desabotoam apé
as lonas do espetáculo marcado
As cenas iluminam os tempos
para ver de perto em segredo
o falso riso do biscateiro
e a vil nuance da madame dos cervejeiros
E o que dizer de um romance em brigadeiro
Tímidos brigadeiros brigam pelos pedaços dos cervejeiros
e sorriem a todo instante uma nova peça do chiqueiro:
Porcos levando porquinhas por dinheiro
por automóvel garageiro
Mas nas ruas se entrelaçam os espelhos
e no escuro já se sabe o que se vê
a mesma cena ameaça um destino
de reflexos tingidos, do plástico ao carnaval
é tudo sempre igual
E quem assiste o dia inteiro, sempre dorme mal
é chamado a participar do mesmo jogo
a mesma cena
no teatro vivo do celeiro universal
asfalto, cimento, telhado e tecido
Volvem o volvir de se estar perdido
Preso entre pedras e moscas
que voam ligeiro pelos estrumes
perdendo os pedrendos que se mascam
pelas moscas em torno do lixeiro
E então, se atira na bosta dizendo
falando... sobre o troféu da esquisitisse
que o normal é o que ele vê
no teatro marcado por bonecos espelhados
que se dizem bem malhados.
Mas na muralha do próprio corpo
Ninguém é nada.
O teatro vivo se anima
com uma boneca mascarada!
E o último palhaço sorri
no espaço eterno
do seu desaparecimento...
segunda-feira, 21 de abril de 2008
Teatro Vivo
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário