quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A transparência e o obstáculo

O corpo que escarra os restos das carnes mortais
Que procura na terra enlamaçada o alimento que lhe atrai,
O corpo da fera roçando na fêmea até arder
Que bufa raiva em salivas vertiginais

Se esconde, por cortinas humanizadas
Em uma terra de madeira envernizada.
Esconde a fera sua baba encarniçada
Com o seu veludo enfeitado, manifestação oculta do real.

E este bicho...virou aparência!
Cavou buracos para esconder
Os seus restos fecais.

Construiu barracas, para dormir babando
No engano do escuro.
E como é mais bonito no escuro!

Comprou janelas
E vidraças
Espelhos que suspendem para o céu
Sua raiz enraizante.

Escolhe as suas cores
E aparece fenomenal.

Um fantasma moldando o corpo
Em um bacanal
De panos coloridos recortados

E a fala
Atravessa a metamorfose
Do dentro para fora,
Acumulando a poeira da cortina

A sujeira do véu que vela
O animal,
Agora o selo marginal

Fincado às margens que lhe proíbem de se ver,
Dizendo tudo o que diz
Não tendo nada pra dizer.