sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Interlúdio apagado

Eu sou o pó atrás das nuvens
a margem negra do espelho dos homens
Mórbida mordaça que cala o tempo
Estúpida carcassa jogada ao vento

Eu sou o que vem depois da virtude
a mancha apagada na cicatriz do vício
A imagem opaca do cego que crê
estar tonto demais para ver

Estontiante ternura amassada no contraponto do elegante e do vil
escondinda fragrância do desdentado que sorriu

Já fui!
A vida atravessa a alma e crava a angústia da pequenez.
Ó todas as coisas,
o que fui eu?

Maldita estaca que me rebaixa
estou além do tempo perdido
enquanto a órbita se encaixa
e a vida aparece como um morto adormecido.

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